Até quando a mulher será minimizada na sociedade? Estamos em 2016, século 21, e minha pergunta é séria. Até quando? Porque eu já não aguento mais ter que aguentar ser mulher. Toda semana eu me deparo com uma notícia nova que envolva algum tipo de abuso contra a mulher. Toda semana eu me deparo com comentários maldosos às mulheres, por seres mulheres. E todos os dias eu sou obrigada a ler que nossas reclamações são infundadas, exageradas, a ler sobre processos perdidos e o desespero daquelas que foram caladas.
Em apenas 22 anos de idade eu aprendi que quando uma mulher reclama de
assédio, ela a) estava pedindo b) está sendo exagerada c) era um elogio ou d)
todas as anteriores. Que quando uma mulher é estuprada, é uma alegação, pode
não ser verdade. Cadê as provas? Ora, não seja exagerada! Ele é seu marido, seu
namorado, estava exercendo seu direito, nem foi nada demais. E que o criminoso
(cri-mi-no-so) sairá impune ou praticamente impune, e sua vida continuará como
se nada tivesse acontecido, enquanto a mulher... Ah, a mulher será vista como
pária. Sofrerá olhares na rua, poderá ser demitida, mudará de casa.
Como ousa uma mulher usar short na rua? Decote? Só pode ser puta. Puta,
vadia. Não merece respeito. Se ela é puta, então pode. Mate-a. Estupre-a. Ela
está pedindo! Exagerada, histérica. Cale a boca. Silêncio. Ninguém quer te ouvir
chorar. Mulher de respeito fica em casa, cuida dos filhos, do marido, não pensa
e não fala.
Objeto.
Não. Não é isso que eu quero. Não quero isso para mim, para as minhas
amigas. Não quero isso para minhas filhas e minhas primas. Não quero isso a ninguém.
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Eu sou mais forte que o medo |
Mulher é gente. Mulher é ser humano. Respira, pisca, seu coração bate da
mesma forma que o homem. Não quero ter que pedir por direitos. Os direitos me
pertencem. Eles já são meus. Mas vocês fingem que não. Fingem que não escutam,
que é assim mesmo, usam desculpas atrás de desculpas para poderem justificar
nos atropelar, nos violentar, nos brutalizar e nos diminuir a um grupo oprimido
com medo de sair de casa, medo de se vestir confortavelmente, medo de
atravessar uma rua sozinha. Um grupo que reza para que o diabo apareça ao invés
de um homem. Um grupo que atravessa a rua para não ter que arriscar. Um grupo
que teme a vida e o mundo simplesmente por ser MULHER. E nem me deixe começar
nas outras limitações impostas para tentarem nos “pôr no lugar”.
Eu não quero ter medo.
Eu cansei de ter medo.
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