Audiobook é leitura?
Você sabia que nossos cérebro não possui uma área específica para leitura?
Você sabia que nossos cérebro não possui uma área específica para leitura?
Como algo tão bom como um milagre pode ser tão quebrado?
Como pode, então?
Paul Cardall é um renomado pianista que nasceu com a rara condição
de hipoplasia do coração: apenas um de seus ventrículos é funcional. A doença
sobrecarrega o coração e a taxa de mortalidade é altíssima – a maioria não
atinge a maioridade. Além dos diversos sintomas e limitações, a pessoa ainda
tem que aguentar as cirurgias de risco necessárias para a “manutenção” do
órgão.
O fato de Paul ter não apenas ter chegado à vida adulta, mas
ter alcançado quase meio século de vida é um enorme milagre. Um muito desgastante
de manter... Passou por uma cirurgia de peito aberto com menos de um dia de
vida! Enfrentou uma infecção no coração duas vezes, procedimentos para manter
seu coração trabalhando e, enfim, um transplante em 2009.
Nunca vi um título ressoar tanto a história. Paul é um
milagre do primeiro minuto de sua vida até então. E com muita delicadeza, Netto
reconstrói sua história através de diários pessoais e notas do pianista, construindo
uma obra única que une ficção e realidade em uma teia primorosa que me fez derramar
várias lágrimas durante a leitura e me levou a uma intensa reflexão ao seu fim.
Não conhecia Paul antes de ter tido a oportunidade de ler essa cópia adiantada do livro, mas logo nas primeiras páginas fiquei tão intrigada com o que lia que comecei a pesquisar mais sobre ele e a ouvir suas músicas. Creio ter sido uma escolha a dedo do autor que culminou num projeto de sucesso: J.D. conseguiu passar no livro, de alguma maneira, toda a suavidade e profundidade que encontrei nas músicas de Paul.
A narrativa é prazerosa e envolvente, e explora os mais profundos sentimentos do pianista no decorrer de sua vida, principalmente dos momentos mais difíceis que precisou enfrentar junto a sua família. E mesmo assim, conseguiu a proeza em não resultar numa leitura pesada – na verdade, é bem o contrário. A esperança e fé, tanto do autor quanto do sujeito, estão presentes em cada linha, transformando
É sem dúvida nenhuma um livro inspirador para uma história incrível.
The Broken Miracle (part one) estará disponível na Amazon a partir do dia 2 de fevereiro.
No dia 25 de dezembro a Netflix estreou sua mais nova série, Os Bridgerton, em parceria da ShondaLand, produtora da Shonda Rhimes que criou as séries de sucesso Grey’s Anatomy, Scandal e Private Practice, e produziu How To Get Away With Murder. A série também é uma estreia da parceria milionária entre a Rhimes e o canal de streaming, que assinaram um contrato no valor de 150 milhões de dólares!
Baseado na série de 8 livros da Julia Quinn, Os Bridgerton
acompanha a família-título na alta sociedade da Londres regencial durante a
temporada de bailes – época extremamente importante para as moças debutarem e
encontrarem seus futuros maridos. É nesse ambiente cheio danças, vestidos e
joias que aparece Lady Whistledown: uma misteriosa mulher que parece saber tudo
sobre todos e que faz questão de espalhar através de seu jornal particular
todas as fofocas da mais alta sociedade. Uma única palavra dela pode ser sua
ruína ou fortuna.
É por conta de sua coluna que Daphne Bridgerton e o
requisitado Duque de Hastings entram em acordo: forjar um interesse romântico entre
eles. Dessa forma, Daphne chamará mais atenção e o Duque poderá escapar das
investidas das mães desesperadas. O que parece ser uma ótima ideia no começo,
uma vez que o desagrado entre eles é mútuo, começa a se complicar quando forças
externas obrigam a farsa a ir cada vez mais longe.
Com 8 episódios de cerca de uma hora cada, a primeira
temporada conseguiu ir longe com relação a desenvolvimento de história e
personagens, seu tempo foi tão bem aproveitado e o roteiro bem estruturado, que
ao final parecia que eu havia assistido mais episódios. Ficou uma temporada bem
fechada, distribuída e aproveitada, bem do jeito que eu gosto.
Sendo bem sincera, eu conheço os livros já há bastante tempo
e não tive vontade de ler e continuo sem vontade; mas assim que saiu o trailer eu sabia que
tinha que dar uma chance à série. Algo que percebi desde o início é que ela
teria uma dinâmica bem diferente do que eu esperava e fui comprada logo às
primeiras palavras da Julie Andrews narrando. Se preparem para a Gossip Girl usando discutindo vestidos e usando fitas, e bem debochada.
Bridgerton é uma peça histórica com trejeitos contemporâneos, que simplesmente funcionou da maneira que eles fizeram. Os figurinos adaptados e bem estampados, as cores sempre muito vivas, as cenas muito claras. Sem contar a trilha sonora, utilizando músicas famosas de grandes artistas como Ariana Grande, Maroon 5 e Taylor Swift com arranjos instrumentais. Pegaram a liberdade criativa e com muito cuidado e bom gosto costuraram todo um ambiente original e funcional para a série de época que combinou com o enredo e deixou extremamente atraente para o público.
Como diria minha amiga Jacque: “abraçaram a farofa”, e uma vez a farofa abraçada as coisas fluem bem mais facilmente. Isso é algo positivo, diga-se de passagem! É uma manobra difícil de se fazer, contar uma história com a proposta de ignorar muito do contexto histórico e que, ao mesmo, não fique de mal gosto ou mal feito ao adicionar os elementos de modernidade.
Não sei como é a versão escrita, mas gostei que o enredo não
se limitou ao trivial como bailes, casamentos, e essas coisas – seria bastante
entediante e acho que não teria me atraído se fosse assim. Falou-se bastante
sobre papel da mulher na sociedade e de como ele é diferente do homem, de como
isso interferia nas relações e como as expectativas eram diferentes. Fazer um
bom casamento, ter filhos, manter-se casta até as núpcias. Qualquer deslize,
mínimo que fosse, poderia custar tudo isso e pior: afetaria os casamentos das
irmãs mais novas. É uma ótica mais atual, mas que deixou bem interessante.
E a fotografia! Ah, a fotografia é linda. Desde iluminação a jogo de câmeras, colorização e posicionamento de personagens. Há umas cenas tão bonitas de detalhes, ambientação, que deixa tudo tão romântico que nem sei. Parabéns aos envolvidos!
Muito foi falado quanto ao elenco negro em personagens
principais na alta sociedade. Eu eu sinceramente nem notei isso. Esqueci. Simples assim. É algo tão indiferente à trama no geral
que eu em momento algum fiquei me perguntando o motivo de estarem ali (Regé-Jean
Page casa comigo) além de eles simplesmente estarem e pronto.
Em segundo lugar, há uma discussão entre os historiadores se rainha Charlotte era descendente de alguma linhagem africana, o que explicaria porque vários retratos dela possuíam traços negros. É uma discussão que, até onde vi, não se chegou a alguma resposta definitiva, mas que abre possibilidades, de forma que ter uma rainha negra na série é longe de ser absurdo.
Algo que preciso lembrar é que o brasil foi um dos últimos
países a abolir escravidão em 1888. Apesar da escravidão na Grã-Bretanha ser
abolida em 1833, antes disso foi proibida a captura e comércio de escravos em
1807, e havia negros livres fazendo seus nomes durante o período regencial,
como compositores, atores, escritores ou lutadores de boxe. Poderiam não
existir duques negros, mas uma vez que a proposta da obra não é considerar contexto
histórico ao pé da letra, abriram essa possibilidade, e isso funcionou dentro da história.
Algumas coisas me incomodaram, mas não tem como eu falar se
dar spoilers gigantescos ou tagarelar por uma hora. Mas no geral, Bridgerton me
surpreendeu bastante, não esperava realmente que eu fosse gostar tanto. Foi
muito bem produzida, desde o roteiro, construção de personagens e ambientação.
Shonda acertou em cheio, e ao lado da Netflix, se manterem neste passo, consigo
ver várias temporadas pela frente.
Infelizmente eu maratonei muito rápido, e agora sigo aqui na
espera de mais episódios. Posso ou não me convencer a reassistir daqui um tempo,
com mais calma e menos ânsia para poder notar tudo o que me passou despercebido
da primeira vez. Se você gosta de romances de épocas leves, sem compromisso com a realidade e que vai te entreter do primeiro ao último episódio, Bridgerton pode ser uma ótima escolha!
Ficou com vontade de ler? Aproveite e compre o livro!
S. J. do Rio Preto - 9 de agosto de 2020
Querido Pai,
Como estão as coisas aí em cima? Imagino que movimentadas
devido a bagunça que está o mundo. Coisa de louco, não é? Eu nunca imaginaria
que tanta coisa pudesse acontecer em um ano. Mas talvez você possa ver as
coisas com maior clareza agora, não é?
Você se lembra de quando a gente trocava cartas? Creio que
umas das minhas maiores motivações para começar a escrever seja isso. Eu não
lembro muito bem do fato em si – tinha 4 anos, fala sério - mas guardo comigo a
memória afetiva de receber suas cartas, dos imãs de peixinhos que tinha até
pouco tempo, da emoção em enviar algo pro papai. Tenho todas elas guardadas em
uma caixa bem fechada em casa.
Guardo comigo também o carinho que era quando voltava de São
Paulo. Lembro dos chocolates – sempre que vinha trazia uma barra de toblerone
ou aquela caixa dos bombons de conchas e cavalos marinhos.
Lembro do cheiro do incenso. Do violão tocando e da sua voz
rouca no quartinho da garagem. Com muito carinho, não me esqueço de quando
amarrava uma de suas bandanas na cabeça e escolhia o próximo álbum da nossa
coleção para tocar bem alto no som estéreo. Eu dançava com você e achava a
maior graça.
Lembro de quando costurou diversas lantejoulas no meu biquini
como parte de uma fantasia de carnaval, e de quando sentava para pentear meu
cabelo e fazer tranças. Lembro do seu perfume favorito e de como eu adoro o
tanto que ele fica impregnado na gente.
Eu guardo comigo todas essas coisas. E foco em todos os
momentos alegres que compartilhamos juntos. Dizem que quando as pessoas morrem
subitamente elas passam a não ter defeitos; não concordo. Quando as pessoas
morrem eles só passam a não ter mais tanto valor assim.
Eu amei você e vou continuar amando. Mesmo que tenhamos tido
nossas desavenças. Mesmo que a vida tenha nos afastado por tempo demais – e
encontramos nosso caminho de volta talvez muito em cima da hora.
Eu queria poder ter dito todas essas coisas antes. Queria
muito. Ao invés, escrevo essa carta, sabendo que irá recebe-la mesmo assim, eu
é que não vou receber a resposta.
Essa coisa de conversamos com via de mão única é meio
injusta, sabe. Mas tudo bem. Estou me acostumando ainda.
No mais, você sabe: eu estou bem. Estou ficando bem. E vou
ficar bem.
Continue acompanhando nossas aventuras da maneira que puder aí
de cima.
Nós estaremos rezando por você aqui de baixo.
Te amo do tamanho do infinito.
Sua filhota,
Maria